" Prevenir é melhor do que remediar"
Na infância e parte da adolescência, a maioria dos acidentes acontece no local de moradia da criança e no entorno, traumas esses que poderiam ser evitados na grande maioria das vezes e, com medidas simples de prevenção e proteção. No entanto, acontecem em números assustadores e podem deixar sequelas para toda a vida
A residência e seu entorno, quando se tem crianças e adolescentes, seja como moradores, seja como visitas, devem estar preparados para as possibilidades de sua exploração e de suas tentativas de descobertas, além dos desafios próprios de cada idade, para que se retirem os riscos dos acidentes.
PRINCIPAIS MEDIDAS DE PROTEÇÃO POR FAIXA ETÁRIA:
- Dos 5 meses aos 12 meses de vida:
A partir do quarto ao quinto mês de vida, o bebê
já reconhece as suas mãos e vai passar a utilizá-las,
indo atrás dos objetos que lhe chamarem a atenção e tentar levá-los à boca. Também começam a
ter maior capacidade motora e vão aprender a se
virar. Depois a rolar, a engatinhar e alguns a andar.
A partir dessa mobilidade, todo ambiente que
ele fica deverá estar com a proteção necessária.
Os riscos de quedas, afogamentos, aspiração
de objetos e queimaduras aumentam e a atenção
para com o bebê precisa ser de proteção passiva,
isto é, que o ambiente esteja preparado para sua
evolução e descobertas.
Assim, além de continuar os cuidados anteriores, é preciso prevenir:
1. Quedas:
a. Nunca deixe o bebê sozinho no trocador ou
em locais altos, como na cama. Essa costuma ser a primeira queda do bebê e, por
ter ele uma cabecinha bastante volumosa
em relação ao resto do corpo, ela chegará
primeiro ao chão, podendo causar traumatismos cranianos e encefálicos graves.
Para estimular o desenvolvimento, o chão
protegido com algum colchonete fino é o
melhor lugar,
b. O bebê começa controlar seus movimentos
de braços e pernas e pode aprender a sentar. Nessa época, um reflexo, de hiperextensão posterior faz com que ele, sem desejo
disso, se jogue para trás e bata a cabecinha
no chão. Por isso, o uso de almofadas e a
presença do adulto cuidador são fundamentais para a sua segurança,
c. Não o deixe em sofás ou cadeira, como se
fosse um apoio para aprender a sentar. O
bebê não vai ficar parado e as quedas podem acontecer. Brincar no chão protegido
lhe dará muito mais espaço para se mover e
desenvolver suas conquistas motoras,
d. O berço deve estar em local ventilado, com
altura das grades superior ao tamanho do
bebê em pé até as axilas. As grades devem
ter uma distância máxima de 7cm, para evitar que a cabecinha do bebê ou outra parte
de seu corpo passe por ela e fique presa,
e. Cuidado com degraus e escadas. Quando
o bebê começa engatinhar, vai tentar ir a
todos os lugares da casa e dos espaços em
que estiver. As escadas devem ser protegidas com barreiras fixas, como portões e
grades, nas duas extremidades,
f. O andador não deve ser usado, nunca, em
nenhuma idade. Tanto ele prejudica o desenvolvimento e o andar da criança, como
tem sido causa de graves acidentes com
traumatismos cranianos significativos!
2. Queimaduras:
a. O bebê vai crescer querendo explorar o
mundo à sua volta, imitando sempre o
adulto. Assim, com o desenvolvimento
psicomotor, não se tem apenas o risco de
derrubar líquidos quentes no bebê, mas
também por ele tentar pegar o que o adulto tem na mão. Por isso, os cuidados precisam ser redobrados!
b. A cozinha é o lugar de maior risco para queimaduras e outros acidentes domésticos,
como cortes, lacerações e intoxicações. Deveria ser também proibida e seu acesso impedido por portão. A porta do forno quente é muito atraente para os bebês que podem
querer se apoiar nela, ou se enxergar,
c. É mais prudente sempre usar as bocas de
trás do fogão, especialmente para os líquidos mais quentes, frituras e panelas abertas. Nunca deixem os cabos de panelas para
fora do fogão,
d. Fogueiras, churrasqueiras, braseiros e fogos
de artifício não são coisas para se deixar
acessíveis às crianças de nenhuma idade,
e. Nunca manipule substâncias inflamáveis
com o bebê no colo ou por perto.
f. Não tenha produtos tóxicos, inflamáveis,
nem cáusticos em casa. Não tenha álcool
acima de 45 graus em casa,
g. Lembre que também a exposição ao sol por
tempo prolongado ou em horários depois
das 10 horas da manhã e antes das 16:00,
além dos efeitos do calor e de desidratação,
pode determinar queimaduras importantes.
3. Choques elétricos:
a. Todas as tomadas elétricas da casa, acessíveis ao bebê e depois à criança, devem estar protegidas,
b. Não deixem fios elétricos e extensões ao alcance da criança. Nunca mantenha fios elétricos desencapados em uso. Colocar um fio
ligado a uma tomada na boca, como o bebê
vai fazer com tudo que encontrar, causa choque elétrico, com risco até de morte, podendo ainda determinar queimadura gravíssima, pela transformação da energia em calor.
4. Afogamentos:
a. A lavanderia deve ser proibida ao bebê.
Uma pequena coleção de água, de 2,5 cm
de altura, mesmo num balde ou bacia pode
causar o afogamento – não os deixe acessíveis ao bebê,
b. Nunca deixe o bebê sozinho perto ou em
piscinas, praias ou outros lugares com coleções de água, ainda que naturais. Mesmo
com o uso de proteção com coletes salva
vidas (nunca boias ou outros equipamentos), o bebê deve estar seguro por um adulto cuidador atento,
c. Evite o uso de brinquedos que boiam na
água com a criança em seu interior, pois
podem virar e a criança ficará submersa.
Mesmo uma criança maior, de 4 a 5 anos,
não consegue desvirá-los,
d. As piscinas ou coleções de água domésticas devem ter cerca de bloqueio em toda
sua volta, acima de 150 cm de altura, com
portão mantido com trava de segurança.
5. Traumas diversos:
a. Evite que o bebê tenha contato com brinquedos ou objetos pesados, que pode deixar cair sobre si,
b. Escolha bem os brinquedos que oferece ao
bebê, que sejam de material atóxico, macio,
sem bordas cortantes ou pontiagudas,
c. Teste os brinquedos e verifique que não
soltem peças pequenas, que o bebê poderá
aspirar e sufocar,
d. Não deixe toalhas ou tecidos pendentes
nas mesas, pois o bebê poderá tentar se
apoiar neles (ele não reconhece a diferença de um pano pendurado e uma parede) e
puxar tudo que está em cima da mesa ou do
móvel por cima dele,
e. Não deixe produtos de limpeza, produtos
tóxicos, ou cáusticos, ou ainda qualquer
medicação ao alcance do bebê,
f. Cuidado com animais, mesmo considerados
domésticos. As atitudes do bebê e a invasão do território considerado pelo animal
como seu, pode desencadear ataques e
grandes lesões no bebê.
Fonte: Manual de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria, Departamento científico de segurança.